Paraná lidera ao fornecer tratamento para animais com esporotricose através do SUS

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Pela primeira vez no Brasil, um estado disponibiliza no Sistema Único de Saúde (SUS) medicamentos para tratar animais infectados com esporotricose, uma micose emergente provocada por fungos. A iniciativa é do Paraná, que adquiriu o remédio com verba estadual própria, originalmente fornecido pelo Ministério da Saúde (MS) somente para tratar seres humanos.

O valor de R$ 79 mil foi investido na compra de 100 mil comprimidos, destinados exclusivamente ao tratamento animal, uma parcela deste lote já foi direcionada para as Regionais de Saúde com casos confirmados da enfermidade.

“Esta é uma doença que deve ser tratada de forma única pelo SUS. Para quebrar o ciclo de transmissão o animal também precisa receber o tratamento medicamentoso adequado, que passa a ser agora também fornecido gratuitamente para todo o Paraná”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) tem promovido várias ações para fortalecer o controle e prevenção da esporotricose no estado. A oficialização da inclusão do medicamento no SUS do Paraná ocorreu por meio da Nota Técnica 06/2023, em parceria com o Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar). Além de justificar o uso do medicamento em animais, a nota traz orientações e estabelece o fluxo para a vigilância da doença em todo o estado.

A Sesa também publicou a Resolução Sesa 93/2022, que categoriza a esporotricose como uma doença de interesse estadual e de notificação compulsória no estado. Essa medida permite que a Vigilância de Zoonoses obtenha uma visão mais precisa sobre a doença em todo o Paraná.

Dados

Conforme dados preliminares do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), foram confirmados 1.006 casos de esporotricose em animais neste ano. A maioria foi registrada na 2ª Regional de Saúde (RS) Metropolitana (629), seguida pela 9ª RS de Foz do Iguaçu (160), 20ª RS de Toledo (82), 1ª RS de Paranaguá (39), 11ª RS de Campo Mourão (39), 18ª RS de Cornélio Procópio (35), 10ª RS de Cascavel (7), 3ª RS de Ponta Grossa (6), 5ª RS de Guarapuava (5), 17ª RS de Londrina (3) e 15ª RS de Maringá (1).

Em humanos, o número preliminar neste ano é de 211 casos positivos, com a maior parte (107) na 2ª RS Metropolitana.

Doença

A esporotricose é uma micose emergente causada por fungos do gênero Sporothrix. Encontrados em solo e materiais em decomposição como madeira, galhos e folhas, esses fungos podem afetar tanto animais quanto humanos.

O ciclo de contágio é um dos principais obstáculos na prevenção e controle da doença, pois envolve o meio ambiente, os animais e os seres humanos.

Os animais podem ser infectados pelo ambiente contaminado ou interagindo com outros animais infectados. O gato doméstico é o animal que carrega a maior carga fúngica, sendo o principal transmissor da doença.

Nos animais, a esporotricose manifesta-se através de lesões e feridas profundas, geralmente purulentas, que não cicatrizam e evoluem rapidamente. Eles precisam ser isolados e tratados rapidamente. Ao manuseá-los, o cuidador precisa usar equipamentos de proteção individual, como luvas, óculos e avental, além de administrar diariamente os medicamentos prescritos pelo veterinário.

Se o animal morre de esporotricose, deve ser cremado, e não enterrado, para evitar que o ciclo de infestação dos fungos no solo continue.

Os humanos podem ser infectados por mordida, arranhão e contato direto com lesões de animais infectados. O contato com matéria orgânica ou solo contaminado com o fungo também pode levar ao contágio.

O sintoma inicial ocorre por meio de uma lesão similar a uma picada de inseto, seguida pelo aparecimento de ferimentos e úlceras na pele e nas mucosas. Em casos mais graves, o fungo pode afetar os pulmões, causando tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. As articulações e ossos também podem ser afetados, resultando em inchaço e dor ao movimentar-se.

O tratamento, que deve ser realizado sob orientação e acompanhamento médico, varia de três meses a um ano. A doença é curável em animais e humanos, e o melhor método de prevenir a propagação é o tratamento correto. Se um animal de rua apresentar sintomas suspeitos, a Vigilância em Saúde do município deve ser informada e o animal não deve ser tocado. Se for um animal de estimação, deve ser levado imediatamente ao veterinário.

Fonte: Agência Estadual de Notícias.

Foto: Alessandro Vieira/CC.

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