Mais da metade das crianças do segundo ano do Ensino Fundamental na rede pública não adquiriram habilidades de leitura e escrita no Brasil, revela o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com base nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021.
De acordo com o Unicef, os resultados apontam que 56% dessas crianças não foram alfabetizadas na faixa etária esperada, unindo-se a milhares de outras que frequentam escolas brasileiras sem o domínio dessas habilidades.
A situação já era preocupante antes da pandemia da COVID-19, quando quase 40% das crianças não estavam alfabetizadas no segundo ano do ensino fundamental. O cenário agravou-se durante a emergência global.
A oficial de Educação do Unicef, Júlia Ribeiro, destaca o impacto significativo da pandemia nesses resultados, com a redução dos dias letivos, dificuldade de acesso a materiais educacionais e a ausência de orientação próxima por profissionais.
Ela ressalta que a alfabetização é uma fase crucial da jornada escolar, e a perda desse marco pode ter repercussões não apenas no desempenho acadêmico, mas em toda a vida do estudante.
Júlia avalia positivamente o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, lançado em 2023 pelo Ministério da Educação, considerando-o alinhado às principais estratégias para enfrentar o problema. O programa, em parceria com estados e municípios, visa garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao final do segundo ano do Ensino Fundamental. Além disso, prevê a recuperação das aprendizagens das crianças do 3º, 4º e 5º ano afetadas pela pandemia.
É enfatizado que o sucesso da iniciativa depende de um acompanhamento constante e monitoramento eficaz para sua implementação correta e alcance dos resultados desejados.
O Ministério da Educação destaca que todos os estados aderiram ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, bem como a grande maioria dos municípios brasileiros. Segundo o MEC, mais de R$ 620 milhões foram investidos no programa no ano passado, financiando projetos como a designação de mais de seis mil articuladores, beneficiando mais de 15 milhões de crianças desde a educação infantil, e a criação de Cantinhos de Leitura nas escolas com turmas de educação infantil. Além disso, a iniciativa formalizou parcerias com cinco universidades em diferentes regiões do país para oferecer formação continuada do Programa de Formação Leitura e Escrita na Educação Infantil para a etapa da pré-escola.
Foto: Lúcio Bernardo Jr