Redução do endividamento das famílias pode impulsionar consumo e beneficiar pequenos empreendedores

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O percentual de famílias endividadas registrou queda no Brasil, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O levantamento apontou que 76,1% dos entrevistados declararam ter algum tipo de débito em janeiro, uma redução de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 p.p. se comparado ao mesmo mês de 2022.

Essa tendência é vista como positiva para os pequenos negócios, já que a diminuição do endividamento pode destinar maior proporção da renda familiar ao consumo. “Quando os consumidores conseguem equilibrar melhor suas finanças, há um potencial de acréscimo nas vendas de estabelecimentos que oferecem produtos e serviços essenciais ou de valor agregado, por exemplo. Esse ambiente de maior confiança pode incentivar os empreendedores a investirem em inovação, atendimento diferenciado e estratégias de marketing que fidelizem os clientes”, analisa Giovanni Bevilaqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae.

Apesar disso, Bevilaqua ressalta os desafios impostos pelos juros elevados e a restrição ao crédito, que limitam o crescimento do consumo financiado. Segundo o gestor, o cenário exige que os pequenos negócios ajustem suas estratégias, aproveitando a melhora gradual no consumo para se prepararem para uma retomada mais robusta no futuro.

Ainda conforme a pesquisa, 20,8% das famílias brasileiras comprometeram mais da metade de seus rendimentos com dívidas em janeiro, a maior proporção desde maio de 2024. O número de famílias com dívidas atrasadas diminuiu levemente, alcançando 29,1%, ante 29,3% em dezembro. Já aquelas que declararam não ter condições de pagar o que devem também registraram queda, de 13% em dezembro para 12,7%.

O principal tipo de crédito utilizado pelos consumidores segue sendo o cartão de crédito, responsável por 83,9% dos casos de endividamento. Para Giovanni Bevilaqua, a redução no endividamento das famílias está parcialmente associada à melhoria do cenário econômico, impulsionado pelo crescimento do PIB e pela geração de empregos. “A redução do percentual de famílias endividadas pode estar, em parte, relacionada à melhora do cenário econômico, onde o crescimento do PIB e a geração de empregos contribuem para o aumento da renda disponível”, explicou. No entanto, ele pondera que os juros altos e as restrições de crédito continuam influenciando fortemente o comportamento financeiro.

Programas como o Acredita, promovido pelo governo federal em parceria com o Sebrae, também têm ajudado nesse alívio financeiro. “Ao oferecer capacitação, orientação para a reestruturação financeira e acesso a condições de crédito mais favoráveis, esses programas auxiliam os empreendedores a melhorar a gestão dos seus negócios e a renegociar dívidas, tornando-os mais resilientes. Esse suporte fortalece a saúde financeira dos pequenos negócios e, consequentemente, melhora a percepção geral do ambiente econômico, tanto entre os empresários quanto entre os consumidores”, destaca Bevilaqua.

Por meio do Programa Acredita, o Sebrae tem se empenhado em ampliar o acesso das micro e pequenas empresas ao crédito, utilizando o Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe). Com um aporte de R$ 2 bilhões, o programa busca viabilizar R$ 30 bilhões em operações de crédito nos próximos três anos. Além disso, o Sebrae oferece orientação para ajudar os empreendedores a tomarem decisões informadas antes da contratação de crédito e durante toda a jornada do financiamento, até a quitação final do empréstimo.

“É fundamental que os empreendedores mantenham uma gestão financeira rigorosa, busquem diversificar suas fontes de receita e continuem acompanhando as condições do mercado”, finaliza Giovanni Bevilaqua.

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