Ouro atinge recorde histórico; especialistas analisam vantagens do penhor e venda de joias

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No dia 2 de abril, com a guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ouro alcançou um valor recorde. Na data, a cotação chegou a R$ 3.157 por onça-troy (equivalente a 31,10 gramas) na Comex, divisão de metais da Nymex (New York Mercantile Exchange). Desde o início do ano, o ouro acumula alta em dólar superior a 12%. Em 2024, o metal apresentou valorização de 27,2%.

Apesar do momento histórico, os especialistas alertam que o valor do penhor não segue a cotação do ouro no mercado. Segundo as agências da Caixa Econômica Federal (CEF), o banco avalia o grama do metal entre R$ 215 e R$ 218, preços abaixo do mercado e que não consideram fatores como design, pedras preciosas ou outros adornos. Vale lembrar que em dezembro do ano passado, a Caixa reajustou esse valor em 20%, mas informou que até o momento não há previsão de novos aumentos.

A modalidade de penhor, no entanto, é vista como uma alternativa atraente para quem busca crédito rápido. Com base na avaliação da CEF, o banco empresta até 85% do valor estimado. Por exemplo, uma peça avaliada em R$ 1.000 permite a obtenção de R$ 850. Contudo, o cliente arca com custos adicionais, como juros mensais, taxa de avaliação e IOF, totalizando uma taxa de 2,19% a 3,7% ao mês, dependendo do prazo, que varia de um a seis meses. O contrato pode ser renovado por até mais seis meses, mas, em caso de inadimplência, a joia vai a leilão após 30 dias do vencimento do contrato.

A principal vantagem do penhor está nas taxas de juros reduzidas quando comparadas a outros empréstimos. No caso do crédito pessoal da própria Caixa, a taxa mensal é de 6,29%, enquanto nos bancos privados varia entre 8,77% e 9,49%. “Aquela joia que acaba ficando em casa pode ser uma alternativa para a renegociação de dívidas”, destaca Bruno Cotrim, economista da casa de análise Top Gain. Por outro lado, é fundamental ter cautela. “É essencial avaliar se a pessoa conseguirá quitar a dívida no prazo para evitar a perda das joias”, alerta Cauê Mançanares, presidente da Investo.

Outro caminho analisado é a venda de joias para casas especializadas, como a Ourominas, que afirma pagar o valor de mercado do ouro no dia da negociação, sem considerar adornos. “O valor pago para o cliente é exatamente o que a Ourominas paga no momento da negociação, sem descontos”, explica Mauriciano Cavalcante, economista da empresa. Essa alternativa costuma ser mais vantajosa do que o penhor oferecido pela CEF.

Além da busca por crédito, o elevado preço do ouro é uma resposta à instabilidade gerada pelas tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos. O metal é frequentemente visto como um investimento seguro em períodos de incerteza. “Com uma menor oscilação que outros ativos, o metal teve queda de 2% na semana passada, mas já recuperou esse movimento com altas recentes”, afirma Mançanares.

Outro fator relevante é o movimento de bancos centrais ao redor do mundo, que vêm adquirindo ouro devido ao ambiente de incertezas econômicas. A valorização do ouro reflete a insegurança gerada tanto pelas tarifas americanas quanto pelas guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. Segundo Cotrim, “toda essa bagunça das tarifas cria um risco de desaceleração econômica, o que pode levar o Federal Reserve a cortar juros para estimular a economia”.

Essa conjuntura também prejudica outros investimentos. Atualmente, o ouro é avaliado como uma alternativa mais segura que os títulos da dívida dos Estados Unidos (Treasuries). Se houver cortes nos juros americanos, a tendência é de desvalorização do dólar, o que impulsiona a rentabilidade do ouro. “Ter parte dos investimentos em ouro é essencial nesse momento”, ressalta Mançanares.

Embora as expectativas sejam de continuidade na valorização do metal, especialistas recomendam cautela e consulta a analistas financeiros antes de aplicar recursos. Rentabilidades passadas não garantem ganhos futuros, e investimentos, inclusive em ouro, podem apresentar riscos e variações de preço.

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