Um estudo conduzido pelo pesquisador Christovam Barcellos, do Observatório de Clima e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelou a expansão da dengue para as regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil, onde a doença não era tão frequente.
Barcellos explicou que o estudo analisou a coincidência entre os mapas de ondas de calor sobre o Cerrado desde 2023 e as anomalias de temperatura em comparação com as áreas de alta incidência de dengue nos anos de 2023 e 2024.
Observou-se uma incidência significativa de ondas de calor na região central do país, como no Cerrado, que abrange parte dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Essas áreas têm registrado um aumento expressivo nos casos de dengue neste verão, o que não era comum anteriormente.
Barcellos destacou que essas regiões não eram áreas de alta incidência da doença, mas agora estão enfrentando períodos prolongados de calor acima da média durante o verão, o que favorece a transmissão da dengue tanto pelo mosquito quanto pela circulação de pessoas.
Além das mudanças climáticas, a degradação ambiental, especialmente no Cerrado, com desmatamento e queimadas, tem contribuído para o aumento dos casos. Essas alterações climáticas e ambientais estão prolongando a temporada de dengue, que antes costumava ocorrer apenas de janeiro a março, mas agora se estende por mais tempo.
O estudo serve como um alerta para as autoridades, indicando a necessidade de uma ação coordenada do governo federal, com tecnologias como drones para identificação de áreas propensas à reprodução do mosquito transmissor. Barcellos ressaltou a importância de sistemas de informação mais eficazes para ajudar no combate à dengue, fornecendo dados precisos aos agentes de saúde para a identificação de surtos e focos da doença.
