Pesquisa revela que 61% dos apostadores no Brasil usaram plataformas ilegais este ano

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Seis em cada dez apostadores no Brasil utilizaram plataformas irregulares em 2023, de acordo com pesquisa divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Locomotiva. O relatório destaca que mesmo com a regulamentação do setor em vigor desde 1º de janeiro de 2025, que exige que apenas operadores licenciados atuem no país, 61% dos entrevistados admitiram realizar apostas em bets sem autorização, muitas vezes sem entender os riscos envolvidos.

A pesquisa foi conduzida em abril e maio, com 2 mil apostadores adultos. Entre os dados levantados, 78% dos entrevistados consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais, enquanto 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas. Além disso, 46% admitiram já ter depositado dinheiro em plataformas posteriormente identificadas como irregulares ou falsas.

De acordo com o levantamento, pessoas com menor renda e baixa escolaridade acabam sendo as mais impactadas, pois não conhecem os mecanismos de proteção das plataformas regulamentadas. O Instituto Locomotiva alertou sobre as estratégias usadas por operadores ilegais, incluindo “o uso de nomes semelhantes aos de marcas legalizadas, mudanças frequentes de domínio e publicidade desregulada por influenciadores digitais, com promessas enganosas de lucro fácil”.

Os dados mostram ainda um amplo apoio do público à regulação: 87% dos apostadores afirmaram defender que o poder público atue de forma incisiva contra plataformas de apostas ilegais. “Os dados representam mais do que um diagnóstico do setor. São um chamado urgente para uma ação coordenada entre autoridades, operadores licenciados e a sociedade civil, com o objetivo de proteger o cidadão, garantindo a integridade e a sustentabilidade do setor de apostas no Brasil”, destacou o Instituto Locomotiva.

A pesquisa forneceu insumos para o estudo “Fora do Radar: Dimensionamento e Impactos Socioeconômicos do Mercado Ilegal de Apostas no Brasil”, elaborado pela LCA Consultores e apoiado pelo Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR). O levantamento estima que entre 41% e 51% do mercado brasileiro de apostas online permaneçam na ilegalidade, causando um impacto fiscal de R$ 1,8 bilhão a R$ 2,7 bilhões perdidos em arrecadação nos últimos três meses. Esse número pode atingir R$ 10,8 bilhões ao longo de um ano.

Para o presidente executivo do IBJR, Fernando Vieira, os números são alarmantes e evidenciam a urgência de combater o mercado clandestino. “Cinco meses após ter pactuado as condições de operação no mercado com as empresas, o governo aumentou a carga tributária para os regulamentados. Isso traz uma quebra de confiança e enorme insegurança jurídica para o setor e para o Brasil. Todos acabam perdendo: os operadores mais sufocados com impostos, o apostador sem a proteção das regras do mercado formal e o governo que, com esse estímulo à ilegalidade, acabará prejudicando não só o mercado, mas também a própria arrecadação”, afirmou.

O diretor de Regulação e Políticas Públicas da LCA Consultores, Eric Brasil, destacou que um combate bem articulado e intensivo ao mercado ilegal é essencial. “A redução do mercado ilegal traz uma série de benefícios à sociedade brasileira, desde proteção aos apostadores e combate ao crime organizado até o aumento da arrecadação do governo, fundamental nesse momento de crise fiscal”, avaliou.

Os sites autorizados pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), vinculada ao Ministério da Fazenda, devem utilizar obrigatoriamente o domínio “.bet.br”. As plataformas oficiais seguem regras rígidas, como realização de cadastro com reconhecimento facial para impedir o acesso de menores de 18 anos, exigência do envio de documentos e checagem detalhada da identidade do apostador. Também oferecem mecanismos como limites de perdas financeiras e tempo de jogo, alertas para comportamentos de risco e sistemas de autoexclusão.

Além disso, sites autorizados só aceitam métodos de pagamento como PIX e débito diretamente do titular do cadastro, proibindo o uso de cartões de crédito ou criptomoedas. Para consultar as plataformas legalizadas, basta verificar a página do Ministério da Fazenda.

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