O que é o Brics? Grupo volta a se reunir no Rio a partir de domingo

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Um pouco mais de oito meses após o Museu de Arte Moderna (MAM) sediar a reunião do G20, o Rio de Janeiro volta a ser destaque no cenário internacional. Nos dias 6 e 7 de julho de 2025, a cidade será palco da reunião de cúpula do Brics, sob presidência brasileira. Este é um fórum formado pelas maiores economias fora do G7 e é descrito como uma voz representativa do Sul Global.

O Brics é definido como um espaço de articulação político-diplomática entre os países do Sul Global, que busca maior cooperação internacional e equidade em instituições como ONU, FMI, Banco Mundial e OMC. O grupo criou instituições próprias, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do Brics. Por não ser uma organização internacional, não possui orçamento próprio nem secretariado fixo.

Atualmente, o Brics tem 11 países-membros ─ África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia ─ além de 10 países-parceiros. Estes últimos, como Belarus, Cuba e Vietnã, podem participar dos eventos, mas possuem poder limitado em decisões do grupo.

Formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia e China, o termo Brics foi cunhado em 2001 por Jim O’Neil, economista-chefe da Goldman Sachs, para classificar o impacto crescente desses países na economia mundial. Em 2011, a adesão da África do Sul acrescentou o ‘s’ ao nome. A expansão em 2024 incluiu Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, culminando na entrada da Indonésia em 2025.

O Sul Global é um conceito que abrange países em desenvolvimento da América Latina, África e Ásia, que compartilham históricos de colonização, economias diversificadas e desafios sociais. Muitos integrantes do Brics, como China e Rússia, estão no hemisfério Norte, mas também são incluídos no conceito devido às suas características econômicas e políticas.

O Brics não é um bloco econômico formal, e suas decisões devem ser implementadas individualmente pelos países. Na próxima sessão, não está prevista nova ampliação do grupo, com qualquer decisão futura dependendo de consenso entre os membros.

Os 11 países do Brics representam 39% da economia global, 48,5% da população mundial e 23% do comércio internacional. Em 2024, esses países compraram 34% das exportações brasileiras e foram destino de 36% das nossas importações. Em energia, o Brics detém 43,6% da produção global de petróleo e 36% de gás natural, além de 72% das reservas de terras raras essenciais para tecnologias avançadas.

Na presidência de 2025, o Brasil fixou como prioridades o combate à mudança climática, governança da inteligência artificial, saúde global, finanças, paz e segurança multilateral, e desenvolvimento institucional do grupo. Com sede no Rio de Janeiro, esta é a quarta vez que o Brasil sedia a cúpula do Brics, após eventos em Brasília (2010 e 2019) e Fortaleza (2014). Em 2026, o encontro será na Índia.

Entre as principais instituições do Brics, destaca-se o Novo Banco de Desenvolvimento, criado em 2015 para financiar projetos sustentáveis e de infraestrutura em países em desenvolvimento. Já foram aprovados cerca de 120 projetos, totalizando US$ 39 bilhões em financiamentos. A ex-presidente brasileira Dilma Rousseff foi eleita presidente do NDB em 2023 e reeleita em 2025.

Outro mecanismo do bloco é o Arranjo Contingente de Reservas (ACR), uma plataforma de suporte financeiro com limite de US$ 100 bilhões disponível para os países-membros enfrentarem crises cambiais. Recursos são distribuídos com a maior parte vinda da China (US$ 41 bilhões), seguida de Brasil, Índia e Rússia (US$ 18 bilhões cada) e África do Sul (US$ 5 bilhões).

O Brics se consolida como um representante estratégico do Sul Global, buscando articular interesses dos países em desenvolvimento em questões complexas como comércio, energia, tecnologia e governança global.

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