Curitiba, conhecida por seu alto valor do metro quadrado residencial, deve sentir um impacto significativo com a nova Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida. A nova modalidade amplia o acesso ao crédito imobiliário para famílias com renda mensal de até R$12 mil, abrindo novas possibilidades no mercado local.
Ilso Gonçalves, sócio e diretor-executivo da JBA Imóveis, analista do mercado imobiliário da capital, avalia positivamente a medida. “Isso deve aumentar significativamente a oferta de produtos no mercado local, antes bastante limitado para o Minha Casa, Minha Vida em função da alta valorização imobiliária da capital, que chegou a 18% no ano passado”, explica Gonçalves.
Com o metro quadrado custando em média R$10.700 em Curitiba, um apartamento de 50m² sai por cerca de R$535 mil, valor próximo ao novo teto do programa. A Faixa 4 permite o financiamento de imóveis de até R$500 mil, com prazo de até 420 meses e juros nominais de 10% ao ano, abaixo das taxas atuais de mercado.
O cenário promissor abrange casas térreas e sobrados de até 70m² com três dormitórios, além de apartamentos com até 60m², atendendo à demanda da classe média curitibana. Gonçalves destaca que os imóveis novos devem ser os principais beneficiados, já que o financiamento cobre até 80% do valor total, contra 60% para imóveis usados nas regiões Sul e Sudeste. “A realidade é que a maioria dos compradores tem apenas os 20% da entrada, o que torna a compra de imóveis novos ou na planta, pelo programa, uma escolha mais viável”, afirma o especialista.
A expansão do Minha Casa, Minha Vida promete aquecer ainda mais o mercado imobiliário de Curitiba. Dados da Ademi-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná) indicam que, em 2024, o número de apartamentos lançados na capital cresceu 47%, com mais de 10.500 unidades. As vendas seguiram o mesmo ritmo, totalizando 10.514 imóveis comercializados e um volume financeiro de R$8,4 bilhões, 44% a mais que no ano anterior.
Gonçalves prevê que a nova faixa do programa deve impulsionar lançamentos no Centro de Curitiba. “Muitas construtoras estão adaptando projetos para atender essa faixa, com apartamentos em regiões centrais e também casas e sobrados em bairros”, observa o especialista.
O Governo Federal estima que a medida tem potencial para atender inicialmente 120 mil famílias, com a projeção de alcançar 3 milhões de moradias até 2026. Para Curitiba, isso significa não apenas mais opções de moradia, mas também um provável estímulo à economia local e ao setor da construção civil.