Há dez anos, o IDR-Paraná incentivou o cultivo de abacaxi na região de Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, como alternativa para diversificar a produção dos agricultores familiares. Atualmente, 120 agricultores mantêm cultivos de abacaxi, abastecendo o mercado regional e vendendo para compradores de São Paulo.
Recentemente, um grupo de fruticultores adotou o cultivo orgânico com a orientação do IDR-Paraná, implantando a tecnologia do mulching, que consiste no plantio em canteiros cobertos com plástico. Esta técnica reduziu o tempo de desenvolvimento dos frutos. O clima e o solo da região contribuem para que os abacaxis tenham um alto teor de açúcar, atraindo o mercado consumidor.
Fábio Roberto Dariva, produtor de Cambará, iniciou o cultivo de abacaxi em 2016 após conhecer a técnica em uma excursão promovida pelo IDR-Paraná. No ano passado, ele plantou dois hectares e colheu 35 mil frutos, vendidos para supermercados e indústrias de polpa na região.
Amanda Panich, produtora de Jacarezinho, diversificou sua produção com o cultivo orgânico de abacaxi após uma palestra do IDR-Paraná. Em um ano e meio, ela plantou 7 mil pés de abacaxi em uma área de 3.200 metros quadrados, colheu três mil frutos e espera uma nova produção de seis mil frutos.
Para o gerente regional do IDR-Paraná, Maurício Castro Alves, o cultivo de abacaxi foi um desafio. “Dez anos atrás, não existia abacaxi aqui. Em uma década, saímos de 15 para 100 hectares”, afirmou. O IDR-Paraná investiu na capacitação dos produtores e introduziu um modelo de cultivo adaptado à agricultura familiar, com técnicas de mulching, irrigação e fertirrigação.
Antonio Carlos Rossin, do IDR-Paraná de Cambará, explicou que o mulching envolve canteiros de 30 cm de altura, cobertos com plástico e irrigados com fitas de gotejo. Essa técnica aumenta a rentabilidade, pois os frutos são maiores e a colheita é antecipada em dois a três meses. Todos os insumos utilizados são biológicos.
A região de Santo Antônio da Platina conta com 150 mil pés de abacaxi orgânico, colhidos durante o verão e vendidos a um preço médio de R$ 10 por fruto, contra R$ 7 dos frutos convencionais.
Os agricultores locais estão planejando investir na agroindustrialização da fruta. A Associação dos Agricultores de Produtos Orgânicos de Ribeirão Claro foi criada em 2009 e planeja beneficiar a polpa de abacaxi assim que houver volume suficiente de produção.
O IDR-Paraná mantém áreas de pesquisa na região para cultivar variedades diferentes de abacaxi, produzindo mudas e identificando as mais adequadas. A variedade havaí é a mais cultivada, mas as variedades rubi e esmeralda, resistentes ao fusarium, estão sendo testadas.
O Brasil cultiva abacaxi em 64,1 mil hectares, com produção de 2,9 milhões de toneladas, segundo o IBGE de 2022. O Paraná tem 478 hectares cultivados, produzindo 10.293 toneladas. As principais regiões produtoras são o Noroeste do estado, com destaque para os municípios de Santa Isabel do Ivaí e Santa Mônica.
Em 2022, foram comercializadas 51,4 mil toneladas de abacaxi nas Ceasas do Paraná, movimentando R$ 124,6 milhões. A maior parte das frutas vem de Minas Gerais e do Pará.
