Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) revelou lacunas nos dados relativos ao cultivo de produtos orgânicos no Brasil, apesar de o país ser rico em terras cultiváveis e ter um dos principais mercados agrícolas do mundo.
A pesquisa, publicada na revista científica Desenvolvimento e Meio Ambiente em 24 de novembro, analisou informações de fontes como o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE e o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) do Ministério da Agricultura.
Entre 2003 e 2017, as vendas de produtos orgânicos no Brasil aumentaram quatro vezes, com um crescimento de 30% em 2020, alcançando um movimento de R$ 5,8 bilhões. O estudo também identificou um aumento de 75% no cadastro de produtores orgânicos no país entre 2017 e 2022. Apesar desse crescimento, apenas 1,28% das áreas de cultivo são destinadas à agricultura orgânica, com 30% dessas áreas localizadas na região Sudeste.
A pesquisa destaca a necessidade de melhorar a oferta, indicando que a produção pode não suprir a crescente demanda. Para a pesquisadora Andreia Lourenço, da UFRGS, é essencial envolver mais instâncias da sociedade na construção de políticas públicas que atendam aos diferentes contextos do Brasil, considerando escalas local, regional e territorial.
Carla Guindani, da empresa Raízes do Campo, que atua no setor de orgânicos da agricultura familiar, destaca a importância de investimentos no desenvolvimento de tecnologias para produção de sementes, bem como acesso a bioinsumos, maquinários adequados e certificação de alimentos orgânicos. Ela aponta desafios na logística e comercialização desses produtos, ressaltando a necessidade de maior espaço no varejo e compreensão do valor agregado pelos consumidores.
Carla enfatiza que a agroecologia é essencial para enfrentar as mudanças climáticas e acredita que a mudança de hábitos de consumo é fundamental para criar um relacionamento sustentável com o meio ambiente, destacando o protagonismo da agricultura familiar nesse processo.
Texto adaptado de: Jornal Noroeste
