Fenômeno do céu alaranjado no outono e inverno é explicado por poluição e riscos climáticos, aponta Simepar

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No outono e no inverno, o pôr do sol nas áreas urbanas ganha tons alaranjados e intensos. Os fatores responsáveis incluem o percurso mais longo da luz do sol em determinados horários, a inversão térmica e, principalmente, a poluição. As cores percebidas no céu estão no espectro do visível. Ondas mais curtas, como o azul e o ultravioleta, dispersam-se melhor entre o meio da manhã e o meio da tarde, razão pela qual o céu aparenta ser mais azul nesses momentos, quando o sol está mais vertical.

Já no início da manhã e no fim da tarde, o caminho da luz na atmosfera é mais longo. “A luz azul e violeta (ondas curtas) é toda espalhada e desviada para longe da nossa linha de visão. Já a luz vermelha, laranja e amarela (comprimento de onda mais longo) consegue atravessar e chegar aos nossos olhos. Poluição e poeira podem intensificar os tons vermelhos e laranjas ao amanhecer e ao entardecer”, explica Fernando Mendes, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

O fenômeno é mais comum durante o outono e o inverno devido à inversão térmica, conforme esclarece Mendes. “A inversão térmica ocorre quando uma camada de ar quente fica acima de uma camada de ar fria perto do solo, ao contrário do normal (que é o ar mais frio em altitudes maiores). Isso prende a poluição perto da superfície, piorando a qualidade do ar.” As áreas urbanas são as mais afetadas, especialmente durante dias consecutivos com inversões térmicas. “São áreas com muitas atividades, desde obras, tráfego de veículos e outras situações que geram algum material particulado para a atmosfera. A poluição do ar, causada por compostos gasosos ou material particulado em áreas de grandes cidades, principalmente, pode induzir a uma série de doenças e problemas de saúde”, alerta o meteorologista.

Outro risco associado à poluição no outono e inverno é o aumento de incêndios florestais. Mendes detalha: “É um período de menos chuva e a vegetação sofre muito com estresse hídrico, por isso fica mais suscetível aos incêndios. Na atmosfera, a fumaça dos incêndios pode ser levada a longas distâncias. São partículas inertes de carbono e o céu fica cinzento, escuro, parecendo estar nublado. É difícil diferenciar a fumaça da nebulosidade. A análise por satélite é criteriosa.”

Para monitorar focos de calor, o Simepar desenvolveu a plataforma VFogo há dez anos. O sistema utiliza dados dos próprios equipamentos do Simepar, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) e de dezenas de satélites de agências europeias e americanas. Alguns deles geram imagens atualizadas a cada 10 minutos. Trata-se de um trabalho de sensoriamento remoto que combina satélites de alta resolução, processamento de grandes volumes de dados espaciais (Big Data) e técnicas de aprendizado com inteligência artificial.

Segundo o Simepar, em 2025 já foram registrados 258 focos de calor no Paraná. Em 2024, o número foi de 2.704 focos, enquanto em 2023 somaram 1.439. Em 2022, foram 1.778, e em 2021, 3.701. Cabe ressaltar que nem todos os focos de calor correspondem a incêndios. Quando identificados, a Defesa Civil e o Simepar informam o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR), responsável por verificar a situação local.

De acordo com o CBMPR, 10,8% dos atendimentos realizados pela corporação em 2024 foram causados por incêndios florestais. No total, foram 13.558 ocorrências registradas, mais que o dobro (109%) em relação a 2023, quando houve 6.484 registros.

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