Entenda como o café solúvel levou o Paraná a um recorde de exportações

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As exportações de café do Paraná renderam US$ 195,7 milhões para a cadeia produtiva do Estado ao longo do 1º semestre de 2024, cerca de 26,7% a mais do que no mesmo período do ano passado, quando as vendas para o mercado externo somaram US$ 154,5 milhões. Este resultado configura o melhor desempenho dos últimos doze anos do produto paranaense nos mercados internacionais.

Os dados fazem parte de uma análise do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) com base em informações da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

O bom desempenho comercial do Paraná foi impulsionado principalmente pelo café solúvel, que representou US$ 149,7 milhões em vendas, o equivalente a 76,5% das receitas de exportação no 1º semestre de 2024. Este foi o quarto ano consecutivo de aumento nas receitas dessa modalidade, passando de US$ 125 milhões em 2021 para US$ 139 milhões em 2022 e US$ 144 milhões em 2023, até alcançar o atual patamar.

O processo de transformação dos grãos de café verde em café solúvel é realizado em fábricas e envolve a seleção, torra, moagem, extração, concentração, técnicas de secagem e a embalagem do produto em frascos, sachês ou latas prontas para distribuição.

Além de atender a demanda de um perfil diferente de consumidor, a produção de café solúvel traz benefícios econômicos para a cadeia produtiva, ao transformar o produto primário em um bem de consumo com maior valor agregado, aumentando a margem de lucro dos produtores.

Devido às características decorrentes da industrialização, o café solúvel permite a exportação para mercados mais distantes, onde a logística de transporte de café fresco seria inviável, contribuindo para a diversificação das exportações. Enquanto o café em grão produzido no Paraná é exportado para 30 países, o café solúvel já alcança 73 destinos internacionais.

A Alemanha é o maior mercado consumidor do café em grão paranaense, com US$ 13,3 milhões em compras entre janeiro e junho deste ano, seguida pelos Países Baixos, com US$ 9 milhões, e Estados Unidos, com US$ 4,8 milhões. No caso do café solúvel, os EUA são os principais compradores, com US$ 30,3 milhões, seguidos pela Polônia (US$ 13,9 milhões) e Rússia (US$ 11,3 milhões).

Segundo o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza, o Paraná tem um histórico importante no mundo do café e a valorização do produto serve de estímulo para a continuidade dessa cultura. “Mesmo que a produção tenha se reduzido em relação ao início da década de 60, temos atualmente um produto de valor agregado muito alto, produzido principalmente em pequenas propriedades, enaltecido pela atuação forte das mulheres nessa cultura e com destaque no mercado nacional e internacional”, afirmou.

Valor agregado

O aumento do valor do café a partir da industrialização também pode ser notado no comparativo do preço em relação ao peso. O Paraná exportou 12.479 toneladas de café em grão por US$ 46 milhões, com uma receita de US$ 3.689 por tonelada. No mesmo período, 16.349 toneladas de café solúvel foram vendidas ao exterior por US$ 149,7 milhões, ou cerca de US$ 9.153 por tonelada, 150% acima do produto in natura.

A industrialização não se restringe exclusivamente aos cafés produzidos no Estado, demandando inclusive a compra de café verde de outros estados e países para a produção do café solúvel paranaense.

Entenda Como O Café Solúvel Levou O Paraná A Um Recorde De Exportações
Entenda como o café solúvel levou o paraná a um recorde de exportações

Apoio estadual

Por meio da Câmara Setorial do Café do Paraná, que funciona como um fórum de representação dos agentes econômicos da atividade cafeeira, o Governo do Estado está promovendo o Concurso Café Qualidade Paraná, que chega à sua 22ª edição em 2024 visando a melhoria constante do produto colhido no Estado.

Além do concurso, o Estado também apoia iniciativas voltadas ao turismo rural como uma forma de renda alternativa aos produtores e presta assistência técnica através do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), especialmente na iniciativa “Mulheres do Café”. O projeto não se restringe à produção, envolvendo também a agregação de valor na venda direta da produção ao público para aumento da renda das produtoras.

Produção

A estimativa mais recente do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento aponta para uma produção de 675 mil sacas de café (40,5 mil toneladas) em uma área de 25,3 mil hectares até o fim de 2024 no Paraná. Segundo o Deral, a safra deste ano foi marcada por florações uniformes, o que facilita a colheita, e pelo aumento dos preços, compensando parte da redução de produtividade devido ao tempo mais seco e indica uma possível manutenção da área destinada à cultura na próxima safra.

A região do Norte Pioneiro é atualmente a maior produtora do Estado. É de lá que vem o café que possui o selo de Indicação Geográfica, um reconhecimento dado a produtos que possuem uma qualidade, reputação ou características distintas que são essencialmente atribuídas a sua origem geográfica. Apenas o município de Carlópolis representa 22% da produção estadual, conforme o Valor Bruto de Produção (VBP) de 2023.

Foto: José Fernando Ogura/Arquivo AEN. Texto adaptado do Jornal A Folha do Sudoeste.

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