A brasileira Juliana Marins foi encontrada sem vida no quarto dia de buscas no vulcão Monte Rinjani, na Indonésia. A autópsia realizada no Brasil indicou que a publicitária, de 26 anos, morreu em razão de múltiplos traumas causados por uma queda de altura.
A causa imediata da morte da jovem foi uma hemorragia interna em decorrência de lesões poliviscerais e politraumatismo compatíveis com impacto de alta energia cinética. De acordo com o laudo, Juliana teria sobrevivido por, no máximo, 15 minutos após o trauma. No entanto, os peritos não conseguiram determinar o momento exato da morte devido às condições em que o corpo chegou ao Brasil. Os especialistas afirmaram ainda que Juliana pode ter passado por um período “agonal” antes de falecer, vivenciando “intenso estresse endócrino, metabólico e imunológico”.
O resultado da perícia foi divulgado quase uma semana após a chegada do corpo ao Rio de Janeiro. Com autorização judicial, o segundo exame necroscópico foi conduzido por peritos legistas brasileiros, acompanhados de um perito da Polícia Federal e um técnico representando a família. A nova análise foi solicitada pela família, que afirmou ter “dúvidas na certidão de óbito” emitida na Indonésia, principalmente quanto à clareza sobre o momento da morte de Juliana, resgatada apenas quatro dias após a queda.
Segundo a primeira autópsia realizada na Indonésia, Juliana sofreu um “trauma torácico grave” decorrente de uma segunda queda na encosta do Monte Rinjani. De acordo com o legista indonésio Ida Bagus Putu Alit, os membros superiores, inferiores e as costas da brasileira foram as áreas mais lesionadas. Além disso, órgãos internos respiratórios foram comprometidos pelas fraturas causadas pelo impacto da queda. A análise também identificou ferimentos na cabeça, fraturas na coluna vertebral, nas coxas e múltiplas escoriações pelo corpo, além de uma hemorragia interna.
A perícia indonésia descartou a hipotermia como causa da morte, afirmando que não havia sinais clássicos, como necrose nas extremidades do corpo. Segundo Putu Alit, “é possível afirmar com segurança” que o frio, apesar de intenso – com temperaturas noturnas próximas de 0 ºC – não foi a causa do óbito. Juliana, que usava apenas calça e blusa, não estava equipada adequadamente para enfrentar as condições climáticas, o que gerou questionamentos sobre sua sobrevivência no local.
Juliana permaneceu ferida por cerca de quatro dias até falecer, conforme a autópsia. “De acordo com meus cálculos, a vítima morreu na quarta-feira, 25 de junho, entre 1h e 13h [14h do dia 24 e 2h do dia 25, no horário de Brasília]”, explicou Ida Bagus Putu Alit, do hospital Bali Mandar, à BBC News. A morte teria ocorrido entre 50 minutos e 12h50 antes do resgate. O corpo foi recuperado após sete horas de operação, com esforços de socorristas e voluntários. A retirada começou por volta das 13h50 do dia 25 [2h no horário de Brasília], com o corpo sendo içado em uma maca e transportado para uma base do parque.
A morte de Juliana foi finalmente confirmada após quatro dias de tentativas de resgate. “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu”, declarou a família em nota. Horas antes, o Ministério do Turismo da Indonésia havia informado que a jovem estava em “estado terminal”, segundo avaliação das equipes de busca.
Parte do trajeto de resgate foi registrada por um montanhista que participou da operação. Quatro socorristas acamparam a 600 metros de profundidade, junto ao corpo, enquanto outros três se posicionaram a 400 metros, oferecendo apoio logístico durante a tentativa de retirada.