UEM lidera no Brasil em produção científica feminina pelo sexto ano consecutivo

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A Universidade Estadual de Maringá (UEM) celebra, neste 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, um marco significativo. Pelo sexto ano consecutivo, a instituição ocupa o primeiro lugar no Brasil em produção científica liderada por mulheres. Dados da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) da UEM apontam que 55% dos projetos de pesquisa têm participação feminina, incluindo 828 docentes e 447 alunas, contra 756 docentes e 258 alunos do sexo masculino.

Os números refletem o destaque da universidade no levantamento nacional realizado pelo Leiden Ranking, elaborado pelo Centro de Estudos em Ciência e Tecnologia (CWTS) da Universidade de Leiden, na Holanda. Desde que o indicador de gênero foi introduzido em 2019, a UEM permanece no topo no Brasil. A data, instituída pela ONU em 2015, busca conscientizar a sociedade sobre a relação entre ciência e igualdade de gênero.

Apesar dos avanços, desafios persistem. Dados da Unesco indicam que apenas 33,3% dos pesquisadores no mundo são mulheres, e em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), apenas 35% dos estudantes são do sexo feminino.

A professora Josiane Pinheiro, do Departamento de Informática da UEM, coordena o projeto “Conectadas – Incentivando meninas e mulheres para a tecnologia”, que busca apresentar áreas de tecnologia a meninas do ensino fundamental e acolher calouras na universidade. Josiane ressalta os desafios que as pesquisadoras enfrentam. “Temos uma sociedade ainda muito patriarcal, que designa as funções de cuidado para as mulheres. Os nossos desafios são diferentes dos de pesquisadores homens, porque, para a sociedade, é natural que tenhamos outras tarefas, como o cuidado com os filhos e a casa,” afirma.

Claudia Bonecker, pesquisadora do Nupélia (Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura), destaca a busca por espaço. “Temos que abrir mais espaço por nós mesmas. O principal desafio é ser lembrada como uma pessoa que pode participar de uma mesa-redonda, por exemplo, que tem algo a acrescentar. Já cheguei a participar de mesas-redondas com quatro pessoas em que eu era a única mulher,” conta. Para Claudia, ainda faltam convites para eventos e oportunidades em cargos de liderança, mas a representatividade feminina tem crescido. “No meu laboratório, se há 10 pessoas trabalhando, sete são mulheres,” ressalta a pesquisadora.

A realidade dos desafios também é compartilhada por Emilly Ohana, acadêmica do 2º ano de Engenharia de Produção. “Para mim, essa realidade é normal, mas eu sei que não é assim em outros cursos de Engenharia,” diz Emilly, que é orientada pelas professoras Ana Paula Larrosa e Keila de Souza Silva. Ambas desenvolvem projetos financiados pelo edital Itaipu Parquetec, dedicados a agregar valor a produtos da agricultura familiar. Mães e pesquisadoras, elas relatam os desafios de conciliar diferentes papéis. “Muitas vezes eu fui questionada sobre a minha capacidade por ser mãe, por não ter tempo, o que não ocorre com homens que são pais,” relata Keila. “O desafio é que as mulheres estejam cada vez mais em todos os ambientes, demonstrando representatividade,” completa.

Keila, que é assessora de Inovação da UEM, reforça a importância da presença feminina, mesmo em ambientes predominantemente masculinos. “Sinto que preciso estar ali, preciso me manter firme, para que outras venham depois,” afirma. Seu projeto Conectinova também foi reconhecido com o Selo Social 2024, certificação para iniciativas de impacto alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A diversidade na ciência continua sendo celebrada na UEM. Para marcar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, a UEM FM produziu entrevistas com professoras e pesquisadoras, disponíveis no Spotify. O programa Influem, produzido por acadêmicas de Comunicação e Multimeios, também dedicou um episódio ao tema, disponível na UEM TV.

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