Especialistas destacam papel fundamental da saúde bucal no diagnóstico e tratamento do câncer

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O câncer é uma doença silenciosa, mas quando identificado de forma precoce, a taxa de cura pode chegar a 90%. Contudo, a falta de regularidade em consultas e exames preventivos pode levar a doença a evoluir para um quadro mais severo.

Durante um atendimento, a cirurgiã-dentista e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Odontologia da Universidade Santo Amaro, Vanessa Branco, identificou um nódulo na língua de uma paciente, que após exames constatou tratar-se de uma metástase de um câncer renal. “Manter a regularidade de consultas a cada seis meses, bem como a atenção aos cuidados com a saúde bucal, podem ajudar no diagnóstico precoce de muitas doenças”, comenta a especialista.

Conforme o cirurgião-dentista e doutorando do mesmo programa, Leonardo Resende, os pacientes em tratamento contra o câncer apresentam o enfraquecimento do sistema de defesa do organismo, o que deixa o paciente mais exposto. “Uma pequena inflamação dentária pode desencadear um processo de infecção com feridas, algo muito doloroso ao paciente”, esclarece o cirurgião-dentista. Leonardo também atestou a eficiência do tratamento preventivo por meio de pesquisa com 100 pacientes oncológicos. No estudo, apenas 14% dos pacientes em tratamento de câncer realizaram uma consulta periódica ao dentista; 40% deles passaram por uma consulta nos últimos 12 meses; e 30% estiveram em uma consulta há três anos. O restante do grupo avaliado, sem histórico de consulta ao dentista, apresentava feridas na boca. “Essas erupções poderiam ser evitadas com o acompanhamento preventivo”, pontua Leonardo.

Outro método voltado ao paciente oncológico são os implantes extraorais. Segundo o cirurgião-dentista bucomaxilofacial, doutorando e presidente do Sindicato dos Odontologistas de Santos e Região (SINDIODON), Reinaldo Guedes, diferentemente do que se imagina, os implantes extraorais podem ser realizados em toda a face. A técnica é recomendada a pacientes que passaram por cirurgias oncológicas ou para aqueles que tiveram a retirada de parte da face. “O procedimento ajuda na reabilitação do paciente, pois o método permite reconstruir a face em áreas na região dos olhos, nariz e orelhas”, explica.

Os estudos dos cirurgiões-dentistas fazem parte de uma iniciativa do programa de pós-graduação da Unisa, que desenvolve conteúdo sobre saúde bucal para o público leigo. O projeto reúne textos e vídeos informativos de alunos do mestrado e doutorado em Odontologia da Universidade Santo Amaro, tratando de temas que vão da estética facial à prevenção do câncer.

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