A esclerose múltipla, afetando cerca de 2,8 milhões de indivíduos globalmente, é uma doença autoimune que compromete o sistema nervoso central. Não se conhece a causa exata, mas suspeita-se que esteja relacionada à exposição a certos vírus ou substâncias desconhecidas que ativam uma resposta imune contra o próprio organismo.
No Brasil, o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla é celebrado em 30 de agosto, visando aumentar a consciência pública sobre a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento eficaz. A doença pode causar sequelas severas, como dificuldade de mobilidade, dor crônica, problemas cognitivos e até depressão e ansiedade.
Os sintomas variam, incluindo fadiga, problemas motores, fraqueza muscular, falta de coordenação, formigamento, dificuldades de memória, concentração, espasmos musculares e visão embaçada. “As consequências da esclerose múltipla dependem da região afetada pela lesão e da sua extensão. Seu avanço pode levar à mobilidade reduzida quando a medula é atingida, tornando o paciente dependente de cadeira de rodas”, explica o médico Rogerio de Fraga.
Além dos impactos diretos na saúde física e mental, a esclerose múltipla pode afetar a função urinária, levando a frequente necessidade de urinar, dificuldade no esvaziamento da bexiga, ou incontinência. As lesões na medula espinhal podem interromper a comunicação normal entre a bexiga e o cérebro, resultando em espasmos da bexiga e dificuldade em urinar normalmente.
O tratamento da retenção urinária crônica em pacientes com esclerose múltipla geralmente envolve o cateterismo intermitente limpo (CIL), recomendado como o padrão ouro pela Sociedade Brasileira de Urologia. Esta técnica ajuda a manter a bexiga vazia, protegendo os rins e reduzindo o risco de infecções e outras complicações.
Casos como o da aposentada Roseli Zanlorensi, diagnosticada em 2011, ilustram os desafios e a eficácia dos tratamentos disponíveis. Apesar de inicialmente enfrentar incontinência urinária e infecções frequentes, o uso regular do cateterismo intermitente limpo melhorou significativamente sua qualidade de vida.
Para além da gestão dos sintomas, a educação e o apoio contínuo são essenciais para ajudar os pacientes a viverem com qualidade, apesar dos desafios impostos pela esclerose múltipla. “A esclerose múltipla pode ter múltiplas consequências, mas temos tecnologia importante na urologia, que garante a qualidade de vida para as pessoas com retenção urinária”, conclui Dr. Rogerio de Fraga.
Texto adaptado da Folha do Norte.