Pesquisa revela impacto de 85% no orçamento familiar com materiais escolares em 2024

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As famílias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024, representando um aumento de 43,7% nos últimos quatro anos. A pesquisa inédita foi realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro. Segundo o levantamento, esses gastos impactam o orçamento de 85% das famílias brasileiras com filhos em idade escolar. Além disso, um a cada três compradores pretende parcelar as despesas para o ano letivo de 2025. A pesquisa entrevistou 1.461 pessoas maiores de 18 anos em todo o país, entre os dias 2 e 4 de dezembro.

De acordo com o estudo, 90% dos pais e responsáveis com filhos em escolas públicas e 96% daqueles com filhos em escolas privadas afirmaram que devem comprar materiais escolares para o próximo ano. Entre os itens mais adquiridos estão materiais solicitados pelas instituições de ensino (87%), uniformes (72%) e livros didáticos (71%). Os pesquisadores apontaram um crescimento nos valores desembolsados pelas famílias, que subiram de R$ 34,3 bilhões em 2021 para R$ 49,3 bilhões em 2024.

“É um gasto que vem crescendo e vem aumentando também o seu peso no orçamento das famílias com filhos”, afirmou João Paulo Cunha, diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva. Ele destacou que o impacto financeiro afeta tanto famílias de escolas públicas como privadas. “Muita gente acha que pais com filhos em escolas públicas, por teoricamente ganharem uniforme e material, não têm gastos. Mas a realidade é muito diferente. Praticamente todos os pais têm que complementar parte do material escolar e do uniforme, o que gera peso no orçamento doméstico”, explicou Cunha.

A maior parte dos gastos foi registrada nas classes B, com R$ 20,3 bilhões, e C, com R$ 17,3 bilhões, que juntas representaram 76% do total nacional. Geograficamente, a Região Sudeste concentrou 46% dos gastos, seguida pelo Nordeste com 28%. A Região Norte apresentou a menor participação, com 5%. O impacto financeiro foi mais intenso na classe C, em que 95% das famílias relataram comprometimento do orçamento. No total, 38% dos entrevistados afirmaram ter “muito impacto” no orçamento, enquanto 47% relataram “algum impacto”. Apenas 15% disseram que o gasto não interfere.

“Isso acaba tendo que sair de outros lugares. Cada família vai ter um arranjo diferente para conseguir ter esse tipo de gasto. Alguns vão recorrer ao crédito, outros vão tirar do guardado, mas o fato é que a maioria relata o peso no orçamento doméstico”, destacou Cunha. Nesse contexto, 35% das famílias disseram planejar parcelar os gastos com materiais escolares para 2025, enquanto 65% afirmaram que pretendem pagar à vista. Entre as classes A e B, esse índice chega a 71%.

Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), o aumento nos preços dos materiais escolares está associado a fatores como inflação, custos de produção elevados, fretes marítimos e alta do dólar. A previsão da entidade para 2025 é de reajustes entre 5% e 9%. “Os itens que compõem a lista escolar, como mochilas e estojos, são, em grande parte, importados. Taxas de câmbio mais altas, o aumento do frete marítimo e fatores pós-pandemia impactam diretamente os custos, que acabam chegando ao consumidor final”, afirmou Sidnei Bergamaschi, presidente executivo da ABFIAE.

A ABFIAE também defende iniciativas como o Programa Material Escolar, adotado em cidades como São Paulo, Foz do Iguaçu e no Distrito Federal. Nessas localidades, o governo oferece crédito a estudantes da rede pública para a compra de materiais. “Isso tem permitido que alunos possam acessar itens que antes não estavam disponíveis e adquiram aquilo que realmente precisam”, explicou Bergamaschi. Além disso, a entidade propõe a redução de impostos sobre esses produtos, que chegam a representar até 50% do preço de alguns itens. “Pedimos que a reforma tributária incluísse artigos escolares em categorias de impostos reduzidos, considerando que, atualmente, a carga tributária pode superar 40% em certos casos, impactando diretamente o consumidor final”, concluiu o presidente da ABFIAE.

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