Em 2024, o Paraná reafirmou sua liderança nacional em doações e transplantes de órgãos, registrando os melhores resultados em seis anos em diversos indicadores. De janeiro a setembro, o Estado alcançou uma taxa de 42,8 doações por milhão de população (pmp), mais que o dobro da média nacional, que é de 20,3 pmp. Santa Catarina ficou em segundo lugar, com 40,6 pmp, seguido por Rondônia (39,6 pmp), Rio Grande do Sul (28,9 pmp) e Rio de Janeiro (26,7 pmp). Os dados foram apresentados no mais recente relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), divulgado em setembro.
O relatório também destaca que o Paraná teve a menor taxa de recusa familiar do país, apenas 27%, o que reflete as ações de conscientização bem-sucedidas e o compromisso com a saúde pública. De janeiro a outubro de 2024, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio da Central Estadual de Transplantes (CET), registrou 1.086 notificações de potenciais doadores, feitas por hospitais nos casos de morte encefálica. O aumento das notificações é atribuído ao constante trabalho da CET e das Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), que realizam treinamentos e prestam suporte aos hospitais na identificação e notificação dos possíveis doadores.
Das 1.086 notificações em 2024, foram efetivadas 416 doações, resultando em uma taxa de 43,6 doadores pmp no período de janeiro a outubro, o maior índice desde 2019. Ainda nesse período de dez meses, o Paraná realizou 694 transplantes de órgãos sólidos (como coração, rim, pâncreas e fígado), um aumento de 11,75% em relação a 2019, o maior crescimento nos últimos anos. Entre os procedimentos, os transplantes cardíacos apresentaram o maior aumento percentual, com 31 cirurgias realizadas em 2024, aumento de 121,4% em relação a 2019. Já os transplantes renais somaram 415 intervenções, um acréscimo de 7% comparado a 2019, enquanto os transplantes hepáticos alcançaram 238 procedimentos, aumento de 19%. Nos transplantes de córneas, foram 1.075 intervenções, um crescimento expressivo de 46% em relação a 2019.
“O avanço desses números reflete o compromisso do Governo do Estado em salvar vidas e transformar a realidade de centenas de famílias”, destacou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto. Ele ainda afirmou que “este resultado só foi possível graças ao trabalho dedicado dos profissionais do Sistema Estadual de Transplantes e à conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos”. Segundo ele, “o Paraná segue como referência nacional, e continuaremos fortalecendo nossas ações para oferecer esperança e qualidade de vida a quem precisa”.
O Sistema Estadual de Transplantes (SET) do Paraná é composto pela Central Estadual de Transplantes e quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), estrategicamente localizadas nas cidades de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. A estrutura conta com cerca de 700 profissionais, além de 70 Comissões Intra-Hospitalares, 60 equipes transplantadoras de tecidos, 23 equipes para transplantes de órgãos sólidos, 16 centros transplantadores de órgãos, 25 centros de córneas, 23 centros musculoesqueléticos, seis centros de válvulas cardíacas, cinco bancos de tecidos e seis laboratórios de histocompatibilidade.
Em 2024, o Governo do Estado também realizou a maior renovação de frota da história do SET, investindo R$ 1,9 milhão para a compra de 18 novos veículos. Curitiba recebeu nove desses automóveis, enquanto três foram enviados para cada uma das OPOs em Cascavel, Maringá e Londrina. A frota da Casa Militar também foi ampliada, com a inclusão de duas novas aeronaves, totalizando 12 voltadas para o transporte emergencial de órgãos e equipes médicas.
Para assegurar a qualidade do serviço, o Paraná investiu em capacitação e sensibilização ao longo do ano. Foram realizados 28 cursos sobre determinação de morte encefálica para médicos, 19 cursos sobre o processo de doação de órgãos e tecidos, oito sobre acolhimento e entrevista familiar, três cursos de formação de coordenadores hospitalares e dois voltados para a atuação no centro cirúrgico. Além disso, a conscientização foi reforçada por meio de 75 palestras e ações educativas, impactando diretamente mais de 2.000 pessoas e qualificando mais de 1.100 profissionais de saúde.
“A capacitação e a dedicação das nossas equipes que atuam em todas as etapas do processo de doação são fundamentais para que cada vez mais pessoas sejam beneficiadas por meio de um transplante”, ressaltou Juliana Ribeiro Giugni, coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes.