O Governo do Paraná, por meio do Instituto Água e Terra (IAT) e Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), destinará R$ 90 milhões provenientes de uma indenização da Petrobras ao projeto Monitora Litoral. O recurso é resultado de uma decisão da Justiça Federal anunciada em 6 de outubro, após acordo que envolveu o Ministério Público do Paraná e o Ministério Público Federal. O projeto visa modernizar o sistema de monitoramento de chuvas e outras condições meteorológicas no estado.
O Simepar atualmente opera três radares meteorológicos localizados em Teixeira Soares, Curitiba e Cascavel. Com o Monitora Litoral, o radar de Teixeira Soares será substituído por um modelo mais avançado, outro será instalado em Guaratuba e um terceiro equipamento será implementado em um local ainda em análise. “O radar do centro do Estado será de longo alcance, estratégico para sobrepor todos os outros radares. Ele fica em uma região sem obstruções, com alcance de 250 km a até 400 km, abrangendo o Oeste, Curitiba e o Litoral”, explica Paulo de Tarso, presidente do Simepar.
Além de prever a modernização dos radares, o Monitora Litoral abrangerá a instalação de equipamentos para monitorar o nível do mar, altura de ondas, ressacas e correntes marítimas em cidades como Antonina, Morretes, Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaraqueçaba, Matinhos e Guaratuba. “O Monitora Litoral foi concebido em conjunto entre o IAT e o Simepar para ampliar a capacidade de enfrentamento a eventos meteorológicos extremos no Litoral do Paraná, modernizar a infraestrutura de monitoramento e desenvolver sistemas de alerta de desastres antecipados”, esclarece Flavio Deppe, gerente de Inovação do Simepar. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) também participará do desenvolvimento dos modelos de alerta, incluindo o monitoramento da BR-277, que conecta Curitiba ao Litoral.
A indenização que financiará o projeto deriva de um episódio ocorrido em 2001, quando houve um vazamento de óleo diesel de Morretes até a Baía de Antonina devido ao rompimento de um poliduto. Apesar do valor ter sido definido em um acordo judicial em 2012, apenas agora a execução dos recursos foi autorizada, permitindo melhoria nos sistemas de prevenção de desastres naturais.
Esse é o segundo projeto do Simepar beneficiado com recursos de indenizações da Petrobras. O Monitora Paraná, já em andamento, utiliza verba destinada ao Fundo Estadual do Meio Ambiente em razão de outro acidente causado pela estatal no Rio Iguaçu em 2000. Este projeto prevê a instalação de três novos radares meteorológicos, localizados em Jandaia do Sul, Campo Magro e no Centro de Estudos do Mar da UFPR, em Pontal do Sul. Os novos radares ajudarão a cobrir “pontos cegos” indicados em mapas anteriores, como áreas de montanhas na Serra do Mar.
A escolha por Jandaia do Sul, em particular, foi estratégica. “Essa era uma área sem cobertura e, por ali, passam sistemas de tempestades severas que se formam no Paraguai, causando inundações, deslizamentos e ventos fortes com granizo no norte do Estado. Além disso, é uma região frequentemente afetada por secas que contará com projetos de irrigação apoiados pelo governo estadual”, destaca Paulo de Tarso.
Os editais para os projetos Monitora Paraná e Monitora Litoral serão publicados até o primeiro semestre de 2025, após a conclusão dos termos de referência. As empresas concorrentes deverão atender a critérios técnicos rigorosos, incluindo torres com mais de 30 metros de altura e antenas protegidas por redomas para os radares.
Everton Souza, secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável, destaca a importância desse avanço: “Estamos cumprindo as etapas para aquisição e instalação dos equipamentos o mais rápido possível, garantindo informações que nos permitam tomar decisões melhores. O Paraná inteiro será beneficiado, pois teremos a melhor cobertura de radares para previsão hidrometeorológica do Brasil”, comemora.
O estado se prepara para aprimorar significativamente seu sistema de monitoramento meteorológico e expansão da capacidade de enfrentamento a eventos climáticos extremos.