O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou, nesta quarta-feira (12), durante o 37º Show Rural Coopavel, uma série de protocolos e compromissos para o desenvolvimento da cadeia de combustíveis renováveis no Paraná, no Dia do Biogás e Biometano, evento realizado na feira agropecuária. Líder na produção de proteína animal no País, o Paraná considera a iniciativa estratégica para viabilizar a transição energética e descarbonizar os processos produtivos. Entre as ações, destaca-se o projeto Corredores Rodoviários Sustentáveis do Paraná, que passará a usar dejetos e resíduos agroindustriais para abastecer as frotas rodoviárias do estado.
Uma carta-compromisso foi assinada com o objetivo de implementar 4.586 quilômetros de estradas no projeto, abrangendo 147 municípios. Além disso, outras 159 cidades localizadas em um raio de até 20 quilômetros do corredor serão beneficiadas, garantindo viabilidade ao fornecimento de biometano, tanto para injeção em redes de gás quanto para abastecimento em postos específicos. Atualmente, o Paraná conta com um corredor rodoviário sustentável que conecta Paranaguá, no Litoral, a Londrina, no Norte do estado, contando com 11 postos de abastecimento de veículos leves e pesados movidos a gás. Novos postos serão incorporados ainda em 2023.
O governador ressaltou a importância da parceria entre o Estado e o setor produtivo para fomentar a cadeia do biogás. “Com o financiamento a juro zero que nós temos e a vontade da Compagas de fazer toda essa integração, vamos alavancar uma renda gigantesca para os nossos produtores rurais, mas, acima de tudo, consolidar o Paraná como esse grande produtor de energia limpa do Brasil”, afirmou. Ele também citou o impacto positivo da iniciativa na renda das famílias e na gestão ambiental dos dejetos agroindustriais, destacando que “das 1.500 plantas de biogás que existem no Brasil, 600 estão no Paraná”. Complementou, ainda, que “o Paraná produz 12 milhões de cabeças de porcos por ano. São quilos de estrume que podem virar biogás. Sobra para o produtor o biofertilizante, que pode ser vendido ou jogado no próprio pasto, aumentando a sua produtividade e acabando com os gastos com fertilizantes”.
A expectativa é que a rota Maringá-Paranaguá comece a operar em 2025, com expansão para outras regiões do estado nos anos seguintes. A Compagas, concessionária responsável pela distribuição de gás canalizado no Paraná, estará à frente desse processo. Rafael Lamastra, CEO da empresa, afirmou que “o papel da Compagas é promover esse desenvolvimento, ser um facilitador. Anunciamos aqui o projeto dos Corredores Sustentáveis e somos o primeiro Estado que está fazendo a implantação de algo desse tipo, conectando o interior com o litoral”. Ele explicou que a medida interliga os principais centros de produção agroindustrial com Curitiba, as rotas Norte-Sul do País e o Porto de Paranaguá. “O governador estimulando o desenvolvimento e a produção do biogás e biometano ajuda muito e fecha um ciclo importante que só vai trazer desenvolvimento para o Paraná”, ressaltou.
Guto Silva, secretário estadual do Planejamento, reforçou a posição do Paraná em liderar a transição energética e enfatizou a importância da biomassa na produção de combustíveis renováveis. “Quando se fala em transição energética, todos os estudos apontam que essa transição se dará por biomassa, seja dejeto de frango, suíno, tilápia. E nós temos uma imensidão de biomassa no Paraná, que agora com o programa do Governo do Estado vamos introduzir na produção do biogás”, disse. Silva também destacou que “temos que rebatizar o conceito de agronegócio: é agroenergia. As propriedades do Paraná passarão a ser grandes produtoras de alimentos, como já o fazem, mas também de energia. Isso significa mais renda para o produtor, dinheiro na economia, e o Paraná cresce, gerando oportunidade e desenvolvimento para todos”.
Durante o evento, foi assinado ainda o Memorando de Entendimentos para o Programa Toledo em Movimento, uma parceria entre a Associação de Suinocultores do Oeste (Assuinoeste) e o Sindicato dos Transportadores de Toledo (Sintratol). Este programa fomentará o uso de biometano obtido de dejetos suínos como substituto de combustíveis fósseis no transporte, reduzindo custos operacionais e emissões de gases de efeito estufa. A iniciativa prevê que os suinocultores produzam o biometano, enquanto os transportadores adquiram o combustível diretamente, promovendo uma economia circular regional — os chamados Microcorredores Sustentáveis.
Outra ação importante foi a assinatura da Carta Compromisso do Biogás e Biometano, que busca engajar atores públicos e privados na ampliação do uso de biodigestores para tratar resíduos animais e agroindustriais, possibilitando a utilização do biogás e biometano em sistemas produtivos e no transporte. O Paraná também oferece programas de incentivo, como o Banco do Agricultor Paranaense e o Renova Paraná, que promovem a instalação de sistemas para geração de energia por meio de financiamento, com equalização parcial ou total dos juros. A Secretaria da Fazenda anuncia uma resolução destinada a incentivar investimentos em energia renovável, destinando R$ 300 milhões para projetos elegíveis. Esses recursos serão repassados em 12 parcelas, condicionados à comprovação de pelo menos 50% do investimento.
Complementando as ações, foi lançada uma cartilha com orientações sobre tratamento tributário, incentivos fiscais e financiamento para o biogás e biometano. Herlon Goetzer, coordenador do RenovaPR, explicou que a iniciativa busca aumentar a conscientização sobre o tema. “O biometano pode ser considerado o combustível do futuro. Uma forma de transformar um passivo ambiental em renda e energia. O Governo do Paraná pretende intensificar a produção deste combustível através de incentivos fiscais. Ainda é um assunto desconhecido para a maioria das pessoas. Para isso criamos, em parceria com a Secretaria da Fazenda, uma cartilha instrutiva que leva a informação a quem precisa de forma rápida.”
Por fim, o governador participou do lançamento do inoculante Azoscoop, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel). O produto inova no cultivo do milho, favorecendo o desenvolvimento das plantas, ampliando o potencial produtivo e reduzindo a necessidade de adubação nitrogenada de cobertura.