Uma pesquisa recente apontou que os moradores da Região Sul do Brasil são os que mais apoiam a volta do horário de verão. Conforme o levantamento realizado pelo Reclame Aqui em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 60,6% dos entrevistados no Sul são favoráveis ao retorno da medida. Nacionalmente, 54,9% dos brasileiros se mostraram a favor, com variações entre as regiões.
Nas regiões que historicamente adotavam o horário de verão — Sul, Sudeste e Centro-Oeste — a adesão à medida foi maior. No Sudeste, 56,1% dos entrevistados aprovaram a ideia, enquanto no Centro-Oeste o índice foi de 40,9%. No conjunto dessas três regiões, 55,74% apoiam o retorno da mudança nos relógios.
Edu Neves, CEO e cofundador do Reclame Aqui, acredita que o apoio à medida pode ser explicado por uma mudança de comportamento da população. “É perceptível que não há alta preocupação da população com a questão de saúde nem a adequação a um novo ritmo de horário para acordar e dormir, muito compensado pelo nível de satisfação de ter mais luz, um dia claro, mais longo para praticar esportes e socializar, por exemplo”, afirma Neves.
O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, ressaltou que a pesquisa também evidenciou o impacto econômico positivo do horário de verão. “O tempo de luz natural a mais no começo da noite faz com que as ruas fiquem mais atrativas, trazendo vigor para o comércio. O movimento nos bares e restaurantes também cresce. A pesquisa mostrou que 43,7% das pessoas se sentem mais dispostas a sair de casa e socializar durante o horário de verão, contra apenas 20,5% que se dizem menos dispostos”, explica Solmucci.
Com base nesses dados, a Abrasel enviou, na segunda-feira, uma carta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacando os benefícios econômicos da volta do horário de verão.
Debate em andamento
A possível retomada do horário de verão voltou a ser discutida recentemente devido à seca prolongada em diversas regiões do país, ao aumento no uso de usinas termelétricas e ao calor intenso, que elevam o consumo de energia elétrica. A diminuição do nível dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de energia no Brasil, tem levado o governo a reconsiderar a adoção da medida.
O horário de verão foi extinto em 2019, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, sob o argumento de que a economia de energia gerada não justificava a continuidade da mudança no horário.
Nas próximas semanas, o governo deve tomar uma decisão após análise de um estudo que está sendo desenvolvido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) sobre a viabilidade da medida nas condições atuais. No entanto, mesmo que aprovado, o retorno do horário de verão ainda este ano é incerto, já que a implementação exige planejamento e tempo de preparação.