As mudanças climáticas no Brasil apresentam riscos significativos, incluindo a proliferação de vetores como o mosquito Aedes aegypti, intensificando arboviroses como dengue, zika e chikungunya. Essa advertência é resultado de um estudo na área da saúde realizado pela plataforma AdaptaBrasil, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O levantamento considera temperaturas máxima e mínima, umidade relativa do ar e precipitação acumulada para avaliar a presença dos mosquitos transmissores.
O coordenador científico da plataforma, Jean Ometto, destacou que temperaturas elevadas e maior precipitação podem propiciar a proliferação desses mosquitos, ampliando a incidência de arboviroses, especialmente durante o verão. A plataforma também analisa a vulnerabilidade e exposição da população a esses vetores, identificando áreas propensas ao agravamento dessas doenças.
O estudo aponta que, além das arboviroses, há projeções de expansão da malária, leishmaniose tegumentar americana e leishmaniose visceral. Ometto ressaltou que as populações mais vulneráveis, com condições de saúde e habitação precárias, estão mais suscetíveis a essas doenças.
O pesquisador alertou para a necessidade de uma abordagem sistêmica da saúde, considerando fatores como infraestrutura, qualidade de habitação e atendimento emergencial. Ele enfatizou
que o país, apesar de possuir o Sistema Único de Saúde (SUS), não está preparado para situações emergenciais, citando a sobrecarga dos postos de atendimento durante picos de doenças.
Ometto enfatizou a importância de melhorar a estrutura de saúde, investindo em infraestrutura, capacitação de profissionais e planejamento para situações emergenciais. Ele ressaltou que, durante a pandemia de COVID-19, as populações mais impactadas foram as menos favorecidas, evidenciando a vulnerabilidade associada a condições sociais e econômicas.
A plataforma AdaptaBrasil busca ser uma ferramenta para o planejamento territorial de ações setoriais, permitindo que gestores municipais e a sociedade civil identifiquem indicadores de risco e tomem decisões para reduzir esse risco. Ometto mencionou que a plataforma está trabalhando em dados relacionados à dengue e zika, com resultados previstos para o início de 2024, e que a pesquisa será expandida para incluir ondas de calor em 2024. A plataforma é parte do Plano Nacional de Adaptação às mudanças climáticas no Brasil, em parceria com o MCTI e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Texto adaptado de: Jornal Noroeste