Maio Amarelo completa 10 anos com desafio de reduzir acidentes e mortes no trânsito do Paraná

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A campanha Maio Amarelo alcança sua 10ª edição em 2025, marcando também o aniversário de dez anos da Lei Estadual 18.624/2015, criada pela Assembleia Legislativa do Paraná. A iniciativa promove a conscientização para reduzir acidentes de trânsito e enfrenta o desafio de reverter o preocupante aumento de colisões e mortes nas estradas paranaenses. Nos últimos quatro anos, dados do Poder Público indicam um crescimento nos números de acidentes, interrompendo a tendência de queda vista na década anterior.

Com ações como peças publicitárias, blitzes, simulações de acidentes e programas educativos em escolas e espaços públicos, a campanha de 2025 adota o tema “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”. A abertura oficial será em uma sessão solene no Plenário da Assembleia Legislativa, às 18h30 de 6 de maio, proposta pelo deputado Hussein Bakri (PSD), autor do projeto que deu origem à lei. “O Maio Amarelo já está enraizado no Paraná e tem sido uma ferramenta fundamental para que tenhamos um trânsito mais seguro no Estado”, comenta Bakri.

O deputado ainda destaca: “Conscientizar os motoristas sobre as suas ações é tarefa árdua, mas necessária. Basta ver as estatísticas que apontam falhas humanas como responsáveis por cerca de 90% das mortes no trânsito”. Ele também alerta para o crescimento de 13,5% no número de mortes por acidentes de trânsito no Brasil entre 2010 e 2019, apesar de avanços tecnológicos e maior segurança veicular.

Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que as BRs no Paraná registraram, em 2024, 605 mortes no trânsito, um aumento de 8,2% em relação ao ano anterior. As colisões frontais lideraram como a principal causa, com 181 casos. No total, os acidentes nas rodovias federais aumentaram de 6.827 em 2023 para 7.302 em 2024. O Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv) registrou mais de 368 mil infrações por excesso de velocidade em 2024, aumento de 14% em comparação a 2021. Também em 2024, houve 24 mil ocorrências de motoristas sem cinto de segurança e 396 prisões por embriaguez no trânsito, um salto de 60% em relação às 248 prisões em 2021.

As estatísticas apontam ainda para a vulnerabilidade de pedestres e ciclistas. Segundo a PRF, atropelamentos foram a segunda principal causa de mortes nas rodovias federais do Paraná em 2024. Dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR) mostraram 18.521 acidentes com pedestres e 9.351 com ciclistas entre 2010 e 2023. Na capital, acidentes com bicicletas subiram 15% entre 2020 e 2024. O deputado Goura (PDT), conhecido pela defesa dos direitos de pedestres e ciclistas, criticou campanhas que responsabilizam as vítimas ao invés de educar motoristas. “Os esforços de conscientização devem centralizar esses dois atores. Muitas vezes as campanhas culpam a vítima sem ensinar motoristas, sejam de carros ou ônibus, a cuidar de pedestres e ciclistas”, argumenta Goura.

Ele também apontou a necessidade de melhorias estruturais. Em Curitiba, por exemplo, o plano cicloviário previa uma malha de 400 km até 2025, mas atualmente conta com 310 km. Goura destacou a importância de leis como as que criaram a Política de Mobilidade Sustentável e Incentivo ao Uso da Bicicleta, além da Campanha Morte Zero no Trânsito, sancionadas em 2020 e 2023, respectivamente.

Desde sua sanção, a lei do Maio Amarelo passou por atualizações. Em 2023, ações específicas para motociclistas, grupo vulnerável no trânsito, foram introduzidas durante a segunda semana de maio, batizada de Moto Vida, por iniciativa do deputado Batatinha (MDB). O Detran relatou que acidentes com motocicletas lideraram hospitalizações e óbitos entre 2010 e 2023 no Paraná, com um recorde de 5.927 internações em 2023. Já em 2024, a deputada Marli Paulino (SD) conseguiu ampliar a lei, incluindo campanhas para condutores de bicicletas elétricas, patinetes e outros meios modernos de locomoção.

Sobre os resultados da campanha, Bakri destacou a eficácia do trabalho em escolas. “As crianças assimilam as informações de forma lúdica e repassam aos pais, muitas vezes cobrando que não descumpram as leis de trânsito. Sempre digo que, se uma única vida for salva graças ao Maio Amarelo, já terá valido a pena”.

De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o tema de 2025, “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, convida a desacelerar e repensar atitudes no trânsito. “A frase reflete um convite para desacelerar na vida cotidiana e nas ruas. Esse é o desafio da campanha: levar uma mensagem para dizer que a correria diária afeta diretamente a segurança no trânsito”, afirma o Observatório.

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