Empresa de Curitiba que gerencia loterias do Paraná é investigada por suspeita de jogos ilegais e lavagem de dinheiro

InícioGovernoEmpresa de Curitiba que gerencia loterias do Paraná é investigada por suspeita de jogos ilegais e lavagem de dinheiro

A PayBrokers, empresa com sede em Curitiba, está entre as investigadas na operação coordenada pela Polícia Civil de Pernambuco nesta quarta-feira (4). A ação mira uma quadrilha suspeita de envolvimento com lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A PayBrokers integra o consórcio responsável pelas Loterias do Paraná (Lottopar), em um contrato de R$ 167 milhões que prevê a administração dos serviços por 20 anos. A Lottopar, entretanto, não foi citada nas investigações. O Governo do Paraná afirmou ter solicitado esclarecimentos à empresa e avalia as medidas cabíveis.

Foram expedidos, ao todo, 19 mandados de prisão relacionados à investigação. Entre os presos está a influenciadora digital e advogada Deolane Bezerra. No Paraná, dois investigados são alvos das ordens judiciais: Edson Antônio Lenzi Filho, sócio da PayBrokers, e Thiago Heitor Pressner, ex-sócio. Pressner foi preso em Cascavel, onde foram apreendidos R$ 70 mil em diferentes moedas. Já Edson não foi localizado em Curitiba e é considerado foragido. Segundo a PayBrokers, Edson encontra-se “em viagem profissional no exterior há vários dias”.

A investigação aponta que o grupo criminoso utilizava empresas de apostas regularizadas, conhecidas como “Bets”, para lavar dinheiro oriundo de atividades ilegais, como o jogo do bicho. Segundo Renato Rocha, delegado-geral de Pernambuco, “as várias células da organização criminosa também operavam no ramo de Bets. Mas o crime de origem diz respeito a esses jogos que não são autorizados pela legislação brasileira. Então, as Bets eram utilizadas pela organização criminosa também, além de outras empresas, na lavagem desse dinheiro ilícito oriundo desse ramo ilegal de jogos”. A polícia, contudo, não detalhou a atuação de Edson Lenzi Filho e Thiago Pressner nesse esquema.

Em nota, o Governo do Paraná informou que a PayBrokers venceu uma licitação pública com ampla transparência. No momento, investiga a possibilidade de instaurar um processo administrativo contra a empresa. Já a PayBrokers comunicou estar colaborando com as autoridades e afirmou que entregou todos os documentos e informações solicitados de maneira espontânea, colocando-se à disposição para o esclarecimento dos fatos. Sobre Pressner, a empresa destacou que ele deixou o quadro societário em março deste ano.

“A PayBrokers ressalta que atua como eFX e Instituição de Pagamento (IP) autorizada pelo Banco Central. Opera 100% em conformidade total com as melhores práticas do mercado, com soluções para centenas de clientes, sempre prezando pela segurança e integridade”, afirmou a empresa.

Um relatório da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco traz mais detalhes sobre o esquema suspeito. Entre 2022 e 2023, a “Sports Entretenimento e Promoção de Eventos Esportivos Ltda” teria recebido mais de R$ 19 milhões e repassado o dinheiro a outras empresas investigadas, incluindo a PayBrokers. Esta, conforme o documento, recebeu quase R$ 10 milhões, maior valor entre as beneficiárias. As movimentações financeiras analisadas indicariam uma “grande possibilidade da prática de lavagem de capitais”.

A extensa operação, batizada de “Integration”, foi realizada pela Polícia Civil de Pernambuco em parceria com outras polícias estaduais e a Interpol. No total, 170 policiais participaram, cumprindo 24 mandados de busca e apreensão em cidades como Recife (PE), Campina Grande (PB), Barueri (SP), Goiânia (GO), Cascavel (PR) e Curitiba (PR). Um mandado também foi cumprido em Minas Gerais, após o pouso de uma aeronave procedente de São Paulo. Uma das ordens foi direcionada ao CEO da Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, cujo apartamento foi alvo das buscas. A plataforma de apostas patrocina clubes de futebol como Corinthians, Athletico Paranaense, Palmeiras, entre outros.

Além disso, foram apreendidos carros de luxo, joias, relógios, dinheiro em espécie e até uma aeronave. A Justiça determinou o sequestro de bens estimados em mais de R$ 2 bilhões, incluindo imóveis de alto valor, veículos de luxo e aviões privados.

Deolane Bezerra afirmou, em depoimento à polícia, que não mantém relação com a PayBrokers e que os pagamentos recebidos estavam vinculados a trabalhos publicitários para a empresa Esporte da Sorte, que, segundo ela, utilizava os serviços da PayBrokers como intermediária. A defesa da advogada declarou que ela está disposta a cooperar com as investigações e destacou a necessidade de respeito ao princípio da presunção de inocência.

Compartilhe esta publicação