Prudentópolis é amplamente reconhecida como “o maior produtor de feijão preto do Brasil”. Este grão é um símbolo do município, celebrado anualmente na Festa Nacional do Feijão Preto (Fenafep), que faz parte das festividades de aniversário da cidade e é famosa pela feijoada gigante. No entanto, a relação de Prudentópolis com o feijão remonta aos seus primórdios, quando a região ainda era uma colônia.
Segundo o escritor Luiz Francisco Guil, entender por que Prudentópolis se tornou um grande produtor de feijão envolve analisar a formação da estrutura rural do município. “No final do século XIX, o governo federal promoveu uma grande reforma agrária na então ‘Colônia Prudentópolis’, que pertencia ao Distrito de São João de Capanema, no município de Guarapuava. O objetivo era assentar a grande massa de imigrantes europeus (poloneses, ucranianos, alemães e outros) que estava chegando. Grande parte das sesmarias do distrito, pertencentes a descendentes de portugueses (originários de São Paulo, Guarapuava, Curitiba), foram desapropriadas e convertidas em lotes, que eram cedidas aos imigrantes (o pagamento era feito com o trabalho de construção e conservação de estradas). Formou-se um dos maiores minifúndios do Brasil, com cerca de 8 mil propriedades rurais. A grande maioria dessas famílias de imigrantes passou a cultivar o feijão, dentre seus principais produtos”, explica.
Guil destaca que “o feijão e o milho são cultivados de forma rotativa com a soja, em áreas mecanizáveis de Prudentópolis, ou manualmente, nos terrenos dobrados. Embora não representem um ciclo econômico definido, como o foram a erva-mate e a madeira, esses cereais sempre estiveram na base da economia de Prudentópolis”. Sobre o feijão, ele acrescenta: “toneladas do produto são empacotadas anualmente por cerealistas locais e enviadas a centros distantes, de vários estados brasileiros”.
Outro fator importante é a significativa população rural do município. Em 2010, de acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 54% dos moradores de Prudentópolis viviam na zona rural. Muitos desses habitantes são produtores rurais, e o cultivo do feijão é uma tradição enraizada. “Isso é algo cultural, é um costume da região, os produtores têm esse costume de plantar feijão, são apaixonados pela cultura, é algo que está no sangue”, afirma Heitor Amadeu Prezzi, extensionista rural do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná).
Texto adaptado da Folha de Irati.