A produção de biogás a partir dos dejetos e carcaças de suínos está proporcionando uma nova fonte de renda para suinocultores no Paraná, além de oferecer uma solução energética limpa e renovável. Com a instalação de biodigestores e geradores nas propriedades, os produtores garantem segurança energética para consumo próprio e ainda conseguem vender o excedente para a rede elétrica, gerando lucro adicional.
Um exemplo dessa prática é a família Baratto, de Medianeira, no Oeste do Paraná. Desde que passaram a produzir biogás em sua propriedade, utilizando resíduos da suinocultura, conseguiram eliminar a conta de luz e lucrar com a venda do excedente de energia. Rodrigo Baratto, um dos produtores, explica que a energia que antes era paga agora é gerada na própria fazenda, com o excedente sendo vendido ao sistema.
Com apenas três meses de operação, o sistema instalado pela família Baratto já gera cerca de 25 mil kilowatts por mês, dos quais apenas 2 mil kilowatts são utilizados na propriedade. O restante é vendido, gerando um lucro de aproximadamente R$ 12 mil mensais. O investimento inicial de R$ 680 mil na instalação do sistema deverá ser recuperado em menos de dez anos, considerando a economia na conta de energia e a receita adicional da venda.
O programa RenovaPR, do Governo do Paraná, foi fundamental para viabilizar o projeto, oferecendo financiamento a juro zero por meio do Banco do Agricultor Paranaense. Desde 2021, mais de 8 mil produtores no estado receberam apoio para implantar sistemas de energia renovável, totalizando R$ 231 milhões em subsídios para juros e R$ 1,4 bilhão em investimentos.
O processo de geração de biogás envolve a instalação de um biodigestor, onde os dejetos suínos são depositados para passar por reações químicas que produzem o gás, que é então transformado em energia por um gerador. Além da energia, o processo gera um composto líquido rico em nutrientes, que pode ser usado como fertilizante, aumentando ainda mais a eficiência das propriedades rurais.
A produção de biogás também ajuda a resolver questões ambientais relacionadas ao manejo de resíduos suínos, que podem ser difíceis de destinar corretamente. Com o biodigestor, os dejetos são transformados em energia e fertilizante, reduzindo o impacto ambiental e melhorando as condições de trabalho nas granjas, como ressaltou Ângelo Baratto, um dos pioneiros na suinocultura da família.
O Paraná, sendo o segundo maior produtor de suínos do Brasil, com 3,1 milhões de animais abatidos apenas no primeiro trimestre de 2024, mostra um enorme potencial para a expansão dessa tecnologia no estado, beneficiando economicamente e ambientalmente os produtores rurais.
Texto adaptado do Jornal A Folha do Sudoeste.