Com a retomada da circulação do sorotipo 3 (DENV-3) da dengue no Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça os alertas sobre medidas preventivas contra a doença. Após um intervalo desde 2016, o DENV-3 voltou a ser detectado no estado em 2024, deixando a população suscetível a esse tipo de vírus.
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, destacou a importância de diferenciar os sorotipos para o monitoramento epidemiológico e diagnóstico laboratorial. “É possível contrair dengue mais de uma vez, por um sorotipo diferente, podendo causar um quadro clínico mais grave. No entanto, os cuidados para evitar o agravo devem ser os mesmos já adotados, como a eliminação de qualquer tipo de recipiente que acumule água ou local com água parada nos ambientes domésticos, quintais, terrenos baldios, dentre outros. Essa vigilância contribui para a implementação de medidas preventivas e de controle”, ressaltou.
O vírus da dengue pertence à família Flaviviridae, gênero Flavivirus, e conta com quatro sorotipos conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A infecção por um deles gera imunidade específica para esse sorotipo, mas não impede novos casos se houver contato com um diferente. Desde o início do período epidemiológico atual, em 28 de julho, foram processadas 6.121 amostras no sistema de vigilância viral, com 104 resultados positivos para dengue. Entre elas, 37 correspondem ao DENV-1, 54 ao DENV-2, 13 ao DENV-3 e nenhuma ao DENV-4.
A série histórica de circulação viral no Paraná registrou predominância do DENV-1 até 2018, seguida do DENV-2 em 2019 e 2020, e novamente do DENV-1 a partir de 2021. Agora, em 2024, há sinais de inversão com o predomínio do sorotipo DENV-2. No atual período epidemiológico, os sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-3 estão em circulação, sendo o DENV-1 responsável por mais de 80% das amostras inicialmente analisadas pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).
Segundo Ivana Belmonte, coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, a concentração de casos notificados normalmente ocorre de janeiro a maio, sendo março e abril os meses de pico. Ela reforça a importância da colaboração dos moradores: “Temos de nos manter vigilantes em nossas casas. O Estado está atuando em várias frentes, com várias ações, mas a colaboração e engajamento da população são fundamentais para diminuir o número de casos.”
A Sesa investe constantemente em ações de enfrentamento à dengue e outras arboviroses, como zika e chikungunya, com suporte aos municípios para adotar novas tecnologias recomendadas pelo Ministério da Saúde. Entre as iniciativas estão o método Wolbachia, com liberação de mosquitos Aedes aegypti modificados para reduzir a transmissão do vírus; a técnica de borrifação residual (BRI-Aedes), que aplica inseticida em paredes de locais com alta circulação de pessoas; e o uso de ovitrampas como sistema de monitoramento entomológico.
Nos últimos 12 meses, o Paraná também promoveu capacitações e incentivos para adotar essas técnicas, ampliando as estratégias preventivas e de combate ao avanço da dengue no estado.