A Embrapa Pecuária Sul, localizada em Bagé (RS), recebeu no dia 15 de abril 35 técnicos da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, representando municípios das regionais de Pelotas, Bagé, Santana do Livramento e Santa Maria. O objetivo foi apresentar os avanços em genética ovina desenvolvidos pelo centro de pesquisa. Entre os destaques esteve a tecnologia dos ovinos que perdem espontaneamente a lã, resultado de anos de pesquisa para criar animais mais produtivos e adaptados a diferentes sistemas de produção.
De acordo com o pesquisador José Carlos Ferrugem, o trabalho começou em 2017 com a introdução do gene Vacaria em cruzamentos com o gene Booroola. Isso resultou na formação de um rebanho específico voltado a estudos de prolificidade. Posteriormente, foi possível reunir três mutações genéticas em carneiros da raça Santa Inês: os genes Vacaria, Booroola e um terceiro identificado como gene Embrapa. “O objetivo era criar animais triplo heterozigotos”, explicou Ferrugem. Esses ovinos demonstraram uma taxa de ovulação até cinco vezes superior, além de outras características desejáveis.
A pesquisa busca desenvolver uma linhagem ovina com quatro principais atributos: alta prolificidade, resistência à verminose, perda natural de lã e melhor conformação de carcaça. “Estamos buscando ampliar a base genética desses animais e oferecer ao produtor um animal mais eficiente, sem a necessidade de tosa e com menor exigência de manejo”, pontuou Ferrugem. Cerca de 70% dos animais portadores do gene da perda de lã já apresentam essa característica de maneira visível, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro, quando o fenótipo se manifesta com maior intensidade. Durante o inverno, a lã volta a crescer e cai novamente no verão, tornando os ovinos uma alternativa atrativa para produtores focados exclusivamente na produção de carne.
No evento, os participantes tiveram uma programação que incluiu uma recepção e o deslocamento ao centro de manejo do sistema de ovinos, onde houve a exibição prática da tecnologia. Após isso, representantes da Secretaria de Agricultura se reuniram com o chefe-geral da unidade, Fernando Cardoso, para discutir possíveis parcerias. O pesquisador Carlos Hoff de Souza destacou que um próximo passo essencial para o projeto será a seleção assistida, utilizando carneiros geneticamente melhorados da Embrapa em rebanhos comerciais. “Estamos buscando produtores parceiros para que possamos aplicar essas características genéticas em larga escala”, afirmou Hoff.
A iniciativa prevê, com o avanço das pesquisas, que os produtores tenham acesso a reprodutores cuja genética comprove alta produtividade e praticidade de manejo, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da ovinocultura.
